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Metais preciosos no lixo

Metais preciosos no lixo
Khetlin Andrade
mar. 25 - 4 min de leitura
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Você sabia que, de acordo com cálculos da ONU, o mercado global de resíduos eletrônicos, desde a coleta até a reciclagem, movimenta em torno de US$ 400 bilhões por ano?

Pois é! E esse número tem o potencial para ser muito maior! Mas na prática o que ocorre é que vários problemas culturais, como a não separação do lixo, acabam fazendo com que os materiais que poderiam ser reciclados sejam enterrados, quando não dispostos no ambiente de maneira inadequada, causando a poluição do solo e da água, chegando a interferir no ciclo de vida de diversas espécies.

Através de uma experiência pessoal, quando estagiei em um projeto de conservação de tartarugas marinhas, tive a oportunidade de conhecer os hábitos alimentares de algumas espécies: a tartaruga-verde, mais comumente encontrada no Brasil, se alimenta de algas, dentre elas a alface-do-mar. São seres extremamente visuais, e a aparência desta alga é muito semelhante a do plástico. Não é à toa que o maior número de espécimes encontrados mortos possuiam plástico no trato intestinal. Recentemente, vinte e nove baleias jubarte foram encontradas mortas com plástico no estômago, em praias da Alemanha.

Dentre os materiais que são utilizados nos equipamentos eletroeletrônicos, para além do plástico, e com maior valor agregado estão metais preciosos como o ouro, a prata, o paládio, além de cobre e alumínio. Ou seja, configura como um mercado altamente rentável do ponto de vista econômico.

Pesquisas científicas apontam que os metais necessários para construir os smartphones e outros produtos tecnológicos não contam com componentes alternativos eficientes caso eles se tornem escassos no planeta. Desta forma a única alternativa seria reciclar.

Segundo artigo da revista Istoé, cálculos do governo estimam que a reciclagem do lixo eletrônico tem potencial para gerar dez mil empregos e injetar R$ 700 milhões na economia brasileira.

É notável como o conceito de Economia Circular vem ganhando força. O que em certos casos seria apenas descartado como resíduo (seguindo o caminho convencional em uma economia linear) passa a ser matéria-prima para outro processo. Na construção civil é possível citar como exemplo o caso de embalagens de PET, que vem sendo empregado para a fabricação de telhas ecológicas: o PET - oriundo principalmente de embalagens de refrigerantes, é processado dando origem a telhas duráveis e flexíveis de várias cores, inclusive a translúcida, que pode facilmente substituir as telhas de vidro. 

Muitos empresários já tiveram essa "sacada", e a tendência é que isso aumente cada vez mais, tendo em vista a capacidade suporte do planeta em fornecer matérias-primas não renováveis. Um ótimo exemplo é a Startup milionária criada pela paulistana Mayura Okura, bacharel em gestão ambiental, criadora da startup B2Blue, plataforma online que conecta empresas que querem vender seus resíduos a outras que estão interessadas em compra-los e usá-los como matéria-prima por um valor mais em conta. 

Os principais desafios do mercado da reciclagem estão na separação adequada dos resíduos, e em se tratando de e-lixo, de uma capacitação profissional adequada. Outro ponto fundamental diz respeito à conexão entre os diferentes atores que compõe a cadeia de reciclagem e o ciclo de vida dos produtos. A Engenharia de Conexões é fundamental em todo este processo: conexão entre geradores de resíduos, cooperativas de reciclagem e empresas que utilizam estes resíduos como matéria-prima. 

Este artigo foi publicado originalmente no Blog TechLadies Brasil, com o título: Economia circular e e-lixo.

A rede Tech Ladies também se preocupa com a sustentabilidade do planeta. Precisamos de profissionais, homens e mulheres, que analisem os processos como um todo: a luta social é pela igualdade de gênero, mas também por um planeta saudável e com condições dignas para todos e todas.  E em se tratando de e-lixo, há grande necessidade do desenvolvimento de soluções tecnológicas, que configuram grandes oportunidades de negócios.

 

Por:  Luciana Muller

 


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