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Construções sustentáveis: o futuro inevitável que já começou

Construções sustentáveis: o futuro inevitável que já começou
Khetlin Andrade
mar. 25 - 4 min de leitura
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Esta semana fui surpreendida positivamente pelos meus alunos do curso de Engenharia Civil. Não concordando muito com o estilo atual de ensino (onde os alunos são receptores passivos de informação), procuro envolve-los de forma diferente quando possível, para além das aulas expositivas, através de seminários, por exemplo.

A disciplina de Saneamento Ambiental II trata de dois tópicos em específico, águas residuárias e resíduos sólidos. No primeiro seminário os alunos ficaram encarregados de apresentar o processo produtivo de algum produto (qualquer um), abordando as matérias-primas e insumos utilizados, as etapas do processo e também os resíduos e efluentes gerados no processo. Como exemplo (e para motivá-los) passei no quadro o processo produtivo da cerveja. Para minha surpresa eles foram muito mais criativos, me trouxeram novas perspectivas e possibilitaram conclusões e ótimas críticas dos colegas, a cerca dos temas.

Um aluno começou falando sobre o processo de fabricação de Tubos e Conexões, largamente utilizadas nas instalações hidráulicas. Pois bem, a resina de PVC (base para a fabricação dos tubos e conexões) é constituída de petróleo (43%) e cloro (57%). Além de utilizar como matéria-prima o petróleo, que apresenta muitos riscos aos trabalhadores e ao meio ambiente, se os resíduos e efluentes gerados no processo produtivo não forem bem gerenciados a cadeia de impactos tende a se perpetuar.

Outro aluno apresentou o processo de fabricação de Telhas Ecológicas, tendo como matéria-prima PET e embalagens Tetra Pack. O PET, oriundo principalmente de embalagens de refrigerantes, é processado dando origem a telhas duráveis e flexíveis de várias cores, inclusive a translúcida, que pode facilmente substituir as telhas de vidro. Além disso o material também é utilizado para a produção de canos de esgotos: Está aí uma boa opção para substituir os tubos convencionais, fabricados a partir do petróleo. As telhas de Tetra Pack possuem durabilidade superior a 100 anos, além de ser flexível e possuir ótima acústica.

Outro processo de fabricação abordado foi o de fabricação do Gesso e do Drywall. O gesso é extraído de uma rocha mineral chamada gipsita. O Drywall é o gesso acartonado, ou seja, o gesso colocado entre duas camadas de cartão. Bom, se a matéria prima do cimento também é extraída de jazidas minerais, porque a utilização deste material seria mais correta? Uma das questões é a geração de entulhos na obra. As placas de Drywall são pré-fabricadas e é gerado pouco entulho. Além disso o gesso pode ser reciclado para a fabricação de adubos, por exemplo. Mas e a acústica do Drywall? A utilização de lã de vidro e lã de PET (sim, de PET!) entre as placas, demonstrou resultados superiores a alvenaria convencional (além de vantagens econômicas: construção 4 vezes mais rápida e menor utilização de mão de obra).

Um outro processo de fabricação foi o da Tinta latex. Na fabricação da tinta são utilizados muitos produtos químicos, mas este tipo de tinta, a latex, apresenta algumas características que a tornam menos poluente, mas também menos durável que a acrílica.

Pois bem, a apresentação do seminário ainda não acabou. Por hora estou muito satisfeita em ver e incentivar a nova geração de engenheiros civis que está vindo por aí, a serem profissionais mais conscientes e melhores para o mundo.

É notável como o conceito de Economia Circular vem ganhando força. O que em certos casos seria descartado, passa a ser matéria-prima para outro processo. Esse é o caso do PET, da embalagem Tetra Pack, e também do gesso: uma empresa aqui de Curitiba retira e transporta o entulho de gesso da obra - o qual é matéria prima para a fabricação de adubos, ou seja, através da reciclagem resíduos passam a ser rentabilizados.

Muitos empresários já tiveram essa "sacada", e a tendência é que isso aumente cada vez mais, tendo em vista a capacidade suporte do planeta em fornecer matérias-primas não renováveis. Um ótimo exemplo é a Startup criada pela paulistana Mayura Okura, bacharel em gestão ambiental, criadora da startup B2Blue, plataforma online que conecta empresas que querem vender seus resíduos a outras que estão interessadas em compra-los e usá-los como matéria-prima por um valor mais em conta. 

Por: Luciana Muller


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